Como se não bastasse a pandemia de Covid19 que assola o País e cresce no Estado, a população que vive às margens do Rio Taquari, no Vale do Taquari, no centro do Rio Grande do Sul, está enfrentando as consequências das fortes chuvas dos últimos dias na região. A tempestade de chuvas intensas atingiu com mais gravidade oito municípios, sendo considerada a maior enchente dos últimos 64 anos. Em vista disso, a Cáritas RS em articulação com a Ação Social Diocesana de Santa Cruz do Sul (ASDISC) se mobilizou para identificar, entre tantas necessidades, em que poderia contribuir. Dialogando com lideranças locais de migrantes em reunião virtual com o Fórum Permanente de Mobilidade Humana do Rio Grande do Sul, ficou evidenciada a situação dos migrantes em cada município.
Em Arroio do Meio cerca de 800 famílias foram atingidas, entre elas 50 famílias haitianas que se encontram em situação de emergência porque perderam tudo, precisando de ajuda para se reorganizar. Existem ações locais de solidariedade por parte de várias pessoas da comunidade, de entidades e de algumas iniciativas do Poder Público, mas não suficientes para responder a necessidades como móveis, eletrodoméstico, alimentos, materiais de higiene e limpeza, cobertores, entre outros.
Assim, a Cáritas RS optou por focar sua ação no município de Arroio do Meio, beneficiando 15 famílias de migrantes haitianos, que entre tantas demandas, precisavam de fogões para a necessidade básica do preparo de alimentos na volta pra casa. Com o apoio da entidade, foi possível adquirir 15 fogões a gás de quatro bocas que começaram a ser entregues nesta terça-feira (21), com o suporte da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro que dispõem de espaço para recebimento de doações. O recurso para compra dos fogões foi de R$ 6 mil, mobilizado com a solidariedade de doadores que contribuem com um Fundo para Emergências da Cáritas RS. A família de Elimene Theluscar (foto) recebeu seu fogão ao lado do esposo Amos Siliscar e a filhinha de 11 dias Achemidaele Siliscar.
Solidariedade - A migrante haitiana Mirlene Theodore Garraud, 52 anos, está em Arroio do Meio desde 2013, com o marido e três filhos. Está estabelecida e é referência local para os conterrâneos, pois conhece a região, as pessoas e é engajada na busca de soluções para melhorar a vida dos demais migrantes. De acordo com ela, há muitas necessidades na comunidade e essa ação da Cáritas RS é muito importante para quem perdeu o pouco que tinha na enchente. “Estamos muito agradecidos com a Cáritas RS. Aqui temos muitas dificuldades, essa doação de fogões é uma emergência. Muitos aqui estão desempregados”, contou.
Maurício Queiroz, presidente do Conselho da Cáritas RS foi responsável por viabilizar e acompanhar o passo a passo da ação e comenta que “foi um momento importante de aproximação com a realidade dos migrantes nesse município, ficando o desafio de dar continuidade após esse período emergencial. Que outras coisas podemos fazer com a comunidade migrante em Arroio do Meio e da Diocese de Santa Cruz do Sul?”, se pergunta.
O Pe. Alfonso Antoni, da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, acompanhou as entregas dos fogões e conta que era uma necessidade, “pois no primeiro momento, foram doados muitos alimentos e roupas, mas eles não tinha onde preparar comida em casa”, relatou.
Segundo o pároco, a situação dos moradores da região é muito delicada, “são pessoas pobres, muito vulneráveis, que pagam aluguel alto, que ganham pouco. São muitas pessoas em uma única casa. Às vezes apenas uma trabalha”, contou. Para o Pe. Alfonso, a ação da Cáritas RS veio em boa hora para amenizar as dificuldades.
Entretanto, mesmo com todo o esforço e com a solidariedade local, não está sendo suficiente para atender a todos. Muitas famílias se encontram em situação de emergência, pois perderam tudo ou quase tudo. Os municípios mais atingidos foram: Muçum, Encantado, Roca Sales, Arroio do Meio, Lajeado, Cruzeiro do Sul, Bom Retiro do Sul, Estrela e Taquari. Os migrantes, que vivem no Vale do Taquari, perderam roupas, móveis, eletrodomésticos, documentos, cama, colchão e alguns até a casa por completo.
O Fórum Permanente de Mobilidade Humana está com campanha para arrecadação de itens como estes. Veja os locais de coleta página do Facebook do Forum (www.facebook.com/forumpermanentedemobilidadehumanars) ou solicitar informações pelo e-mail forummobilidadehumanars@gmail.com. As doações em dinheiro, podem ser feitas na conta da Campanha da Cáritas RS É Tempo de Cuidar: Banco do Brasil agência 1248-3 conta 55450-2 .
“Ser solidário é ser humano. Ser humano é ser solidário.”