Este texto foi elaborado coletivamente com os/as participantes, ao final da Roda de Conversa sobre Comunicação.
No dia 16 de setembro de 2022, as comunidades quilombolas de Fortaleza dos Valos, Salto do Jacuí, Jacuizinho, Rincão dos Caixões, Lagoão, Rio Pardo e Arroio do Meio, e indígenas kanhgag (caingangue), de Lajeado, e guarani, de São Miguel das Missões e Santo Ângelo, no Estado do Rio Grande do Sul, se reuniram no Centro Diocesano de Formação Pastoral de Cruz Alta (RS).
Durante manhã e tarde, partilharam conhecimentos, histórias de vida, saberes tradicionais e aprendizados sobre como fazer uma boa comunicação. O encontro foi organizado pela Cáritas RS, que vem atuando junto às comunidades em dois projetos: saneamento básico e segurança alimentar.
O evento foi bem dinâmico, possibilitando que todas as pessoas pudessem se expressar pela fala, pela música, pelo artesanato, por fotografias e pelas sementes crioulas, que são patrimônio da humanidade.
Representantes da etnia guarani cantaram, em guarani, a música “MBARAETE PY’AGUAXU” (do guarani: Força, Parente!). “Em todo o Brasil, o povo guarani canta essa música na luta e espiritualidade, porque, com essa música, a gente se sente forte”, disse Miguel Timóteo, da aldeia Koenju, de São Miguel das Missões.
Outro destaque foi a apresentação de Luiz Alan Retanh, representante da aldeia Foxá (Cedro X Canjarana, junção de duas árvores), de Lajeado. Ele apresentou uma canção com o título “Luta”, que diz que com Tupé (Deus) tudo vai muito bem.
LUTA
TUPÉ VÁ EG
MRÉ NINKA EG
MRÉ HÁ
Tradução:
Com Deus na luta,
Tudo vai muito bem.
Maria da Silva, do Quilombo São Roque, de Arroio do Meio, trouxe um livro da culinária que resgata a cultura alimentar quilombola (foto abaixo).
Oldi Helena Jantsch (a Tiririca, de camiseta laranja e chapéu), de Cruzeiro do Sul, animou o grupo com suas dinâmicas.
No contexto atual das Fake News (desinformação, notícias falsas, mentiras, fatos fictícios, trotes), a roda de conversa tratou dos perigos do mau uso da Internet, com pedofilia, golpes, ameaças, invasão de privacidade e uso indevido de dados, incluindo imagens.
Ao mesmo tempo, o grupo reconheceu a importância da comunicação (e da Internet) na política, na saúde, na educação, para se informar, para manter as redes de família, trabalho, e conhecer direitos e deveres. A jornalista Clarinha Glock, que assessorou a atividade, deu sugestões de técnicas e ferramentas para qualificar a comunicação.
“Foi muito bom, tive novas experiências e conhecimentos para passar para outros integrantes do grupo e conheci outros grupos, o que foi muito interessante.”
(William)
“Maravilhoso! Obtive conhecimentos diferentes, fiz novas amizades.”
(Lucinéia)
“Todas as pessoas contribuíram com suas participações, teve dinâmica, cantos, vivência.”
(Luiz Alan)
“A participação de todos com suas lutas e trabalho traz grandes esperanças para continuar essa construção da nova sociedade onde nenhuma criança passará fome e todos tenham casas com água e banheiro.”
(Oldi)
* A Roda de Conversa sobre Comunicação integra as ações do projeto "Resiliência em Tempos Desafiantes: ajuda humanitária para migrantes, indígenas e quilombolas", realizado em parceria com a Cáritas Brasileira e apoio da Cáritas France (Secours Catholique) e do projeto "Prática de Incidência Política: Alimentando vidas por direitos", realizado com apoio da Cáritas Alemanha e Misereor.