O dia 4 de outubro, data de São Francisco de Assis, foi celebrado
com um duplo simbolismo no município de Cruzeiro do Sul (RS) neste ano de 2024.
Há exatamente um ano, neste dia começavam a ser entregues os primeiros kits de
mudas e sementes da Missão Sementes de Solidariedade, um movimento de 24
organizações, incluindo a Cáritas Regional RS, criado para atender as famílias de
agricultores e agricultoras atingidas pelas inundações causadas pelas
emergências climáticas no Estado.
Anualmente, já é tradição a Comunidade São Francisco se
reunir nesta data com o objetivo de troca de sementes crioulas. Ali, funciona uma
Horta Comunitária e um Relógio Biológico Natural, que são cuidados pelo grupo
de mulheres da comunidade com apoio da Emater/RS-ASCAR e da Comissão
Pastoral da Terra (CPT). O encontro contou com a presença dos integrantes da
CPT, Sandro e Ana Maria Galazzi. Sandro
fez uma reflexão bíblica.
A bênção do frei franciscano Sérgio Görgen (na foto, acima) tocou fundo os
corações dos mais de 120 participantes presentes na celebração, na sua maioria
jovens. Isto porque o município de Cruzeiro do Sul, que havia sido atingido
pelas águas do rio Taquari durante as enchentes de 2023, ficou novamente
embaixo d’água durante a tragédia socioambiental de abril e maio de 2024. As
inundações levaram casas, roças, galpões e animais no campo e na cidade. Frei
Sérgio falou sobre a importância de cuidar do planeta e da Casa Comum.
Jacira Teresinha Dias Ruiz e Marilene Maia, da Cáritas
Regional RS, e Claudio Moser, da Cáritas Alemã (na foto, acima), participaram da cerimônia,
levando palavras de esperançar e vida. Um dia antes, Jacira, Marilene e Claudio
acompanharam a distribuição dos kits de sementes e mudas da Missão Sementes de
Solidariedade para famílias de Muçum, Encantado e Cruzeiro do Sul que haviam
perdido tudo com as inundações. “Passados cinco meses da tragédia, ainda é possível
visualizar os prejuízos e o cansaço nos olhares de quem viveu o drama da
emergência socioclimática”, constatou Jacira. Em Cruzeiro do Sul, eles tiveram a
oportunidade de visitar o Banco de Sementes Crioulas (na foto abaixo, com Oldi Helena Jantsch).
Jocélia Kaingang (na foto acima), que vive em Coqueiro Grande, aldeia indígena
na beira da Rodovia RS 453, recebeu dos agentes da Missão um kit de mudas e
sementes para sua família. Como a dela, outras 11 famílias vivem da plantação
em pequenos pedaços de terra. O grupo da Missão Sementes de Solidariedade
também visitou Sandra Maia, que morava em Chafariz, Venâncio Aires, e após
perder tudo nas últimas enchentes migrou para Erval. “Sandra foi fundamental
nos mutirões de visitas, nos acompanhando, mostrando o caminho”, observou
Mauricio Queiroz, agente da Cáritas e CPT. “Levamos quatro kits de mudas, pra
Sandra e outras três famílias”, disse.